TEMPO E ESPAÇO DOS
SUJEITOS E INSTITUIÇÕES ESCOLARES
Julio Cesar Machado De SOUZA
UNINTER Centro Universitário
RESUMO
O trabalho,
em questão, propõe uma reflexão acerca do tempo e espaço dos sujeitos e
instituições escolares. Um dos grandes desafios, além da concatenação de ambos,
tempo e espaço, é buscar a participação de todos que estão envolvidos no
contexto escolar para que alinhados possam viabilizar um aprendizado escolar com
resultados, cada vez mais, relevantes.
Há uma
necessidade estrutural, em vários aspectos, para atender as novas tecnologias e
para a adaptação de novos conceitos e abordagens que se apresentam na
atualidade. Não é fácil desenhar um contexto extracurricular que alcance os
objetivos do tempo e espaço na íntegra, mas também, não é impossível
transportar esse estimulante desafio. Para que haja a melhor efetivação dessa
dinâmica, tempo e espaço, ainda que haja desafios de caráter conjuntural e
estrutural, é necessário trabalhar com ferramentas alternativas que viabilizem
a interdisciplinaridade e a transversalidade que é essencial no campo
da pedagogia. Em suma, para que se atinja bons resultados, nessa temática e em
outras questões, além do comprometimento dos profissionais da educação, tem que
haver a colaboração política de toda a sociedade, no sentido de cobrar dos
governantes os direitos educacionais que reza os artigos da Constituição.
Palavras-chave: Desafio, tempo, espaço.
A
educação é um constante desafio que se apresenta no cotidiano dos profissionais
dessa área; um desafio também para os discentes, de todas as séries, um desafio
para os pais, para a comunidade em geral, um desafio para os governantes que se
propõe a administrar o país, um desafio para estudiosos e cientistas, enfim, um
desafio para toda a sociedade que almeja qualidade e otimização no processo do
ensino escolar.
Buscar
novas alternativas para que se melhore o ensino nas instituições escolares é um
consenso entre todos cidadãos que enxergam que uma das maiores ferramentas de
crescimento de um país passa, sobretudo, pela instituição educacional que vem a
ser uma das mais poderosas organizações responsáveis pela evolução do progresso
em todos os sentidos.
Mas o Brasil, hoje, está diante de uma
situação crítica que afeta vários setores, principalmente a educação. Há de se
frisar que esse problema não é de agora e sim um problema histórico, fato, que acaba
atingindo todo sistema educacional. E diante da atual conjuntura, há uma
carência muito significativa para a viabilização de certos mecanismos, essências,
que são responsáveis por desempenhos animadores. Tais mecanismos, ficam
engessados por falta de aportes governamental. Logo, a educação ideal, por
enquanto, é só um vislumbre.
No entanto, mesmo diante de
tantos desafios, é relevante que o sujeito tenha perseverança para se ater ao
momento atual que pede empenho para a solução das problemáticas do cotidiano
escolar. Quando falo do sujeito, falo especialmente dos professores, entre
outros colaboradores das instituições educacionais, que escolheram essa
profissão como exercício de seu trabalho profissional; mesmo sabendo que a sua
valorização não é condizente com tamanha responsabilidade, que é a
disponibilização e mediação dos conhecimentos para os seus alunos; ainda que
isso não seja reconhecido pelos órgãos que administram a área educacional, o
profissional dessa área não pode
fraquejar, tem que perseverar com
comprometimento que assumiu quando fez dessa
profissão a sua prática social diária. Logo, ele deve estar antenado com as
novidades tecnológicas e com tudo que diz respeito a novas abordagens educacionais.
É fundamental buscar informações, participar e aplicar esses métodos e técnicas
que agreguem valores didáticos para o seu dia a dia escolar. Muitas vezes o sujeito dessa área depende de
outros parceiros para que se efetive determinados trabalhos. Então há de se ter
uma união simbiótica para que os profissionais dessa classe educacional possam
suplantar os desafios e deixarem as suas marcas e fazerem toda a diferença no
contexto escolar. Parcerias são cogentes, há de se trabalhar com colaboradores que
buscam desenvolver projetos e soluções; aproveitando as ferramentas que estão
disponíveis partir para objetivos que deixem os alunos satisfeitos, assim como
toda a comunidade que, de alguma foram também pode colaborar, para que as novas
propostas de ensino sejam bem assimiladas e possam trazer melhorias contínuas
para a educação em geral.
Diante de todo esse cenário desafiador, é importante destacar o tempo e
o espaço dos sujeitos e instituições escolares. Esse é um assunto que sempre
estará presente no âmbito escolar, não importando o momento educacional que se
viva. Concatenar o tempo e o espaço é fundamental para que o processo
sistemático de ensino tenha melhores resultados. A questão é como conciliar,
adaptar, implantar a melhor maneira de alinhar esse evento precioso que é o
tempo com o desenho organizacional do espaço físico. De fato, não é fácil
planejar tudo isso dentro das grades curriculares. Como trabalhar tempo e
espaço quando esses aspectos dependem de vários aspectos, entre eles a falta de
uma estrutura física adequada, o engajamento do profissional da área, a cultura
herdada de uma didática clássica, aliados a outras adversidades que aparecem
como resistência? Muitas são as barreiras, mas uma considerada importante são as
instituições públicas que deixam a desejar com uma política pública que não contempla,
como deveria, com verbas suficientes as instituições educacionais, para que as
mesmas, tenha mais ênfase estrutural, ou seja, há muita carência de novas
escolas, mais espaços e arranjos físicos. Uma decente infraestrutura, se faz
necessário, para que os alunos tenham um ambiente muito mais agradável que
culmina em qualidade de vida. Aqui, nessas observações, são referenciadas, basicamente,
as instituições educacionais públicas, até porque as instituições privadas, que
também tem problemas de tempo e espaço, envolve outro tipo de gestão. Enfim, um
ambiente dotado de recursos estruturais, sem dúvidas, trará grandes benefícios
para o aluno em todos os sentidos. Mas, muito relevante também, há de se
contemplar os professores e toda a sua classe em geral para que esses
mediadores do saber possam desempenhar os seus trabalhos com mais dignidade,
estímulos e êxitos.
Sabe-se que há várias teses para enfrentar novos desafios, muitas
fórmulas para encontrar a melhor maneira de desenvolver, adaptar, e pôr em
prática as novas abordagens científicas que visam uma melhoria educacional. Mas
a realidade, entre outras coisas, não é nada fácil para os sujeitos envolvidos
no processo de assimilar novos conceitos. Uma das novas propostas contemporâneas
é a Transmissão Coletiva do Conhecimento, ou seja, a prática social do aluno
vinculado com a prática do professor que através da interação de ambos, possibilita
uma tempestade de ideias construtivas que pode vir a ser muito relevante para
os objetivos do ensino didático. Porém, para que isso se concretize, é
necessário alocar, qualitativamente, tempo e espaço no contexto dos sujeitos e
instituições escolares. E para que isso se desenvolva está a figura do
professor para indicar o caminho que se pretende chegar. O professor não é dono
de todos os saberes, muito menos, deve ser, um simples executor de tarefas, mas
sim o indivíduo que irá apresentar as novas abordagens para os seus alunos que
por sua vez irão aliar o que se propõe sistematicamente com as suas
experiências pessoais, sejam formais, a educações adquiridas em âmbito escolar,
com a sua educação informal, assimiladas, essas, na sua vivência familiar,
ambiente de trabalho, no seu lazer diário, nas igrejas e na comunidade em
geral.
Para sustentar essa temática do tempo e espaço é relevante destacar,
aqui, uma entrevista, artigo esse em anexo, com Alessandra da Costa Gomez pedagoga
de uma instituição pública, onde é possível verificar como a atuação de um
professor pode ser complexa, mas também muito estimuladora para quem está
ingressando na carreira profissional como discente.
Numa das perguntas, abertas, foi
feito o seguinte questionamento: a atual legislação disponibiliza diversas modalidades
de organização pedagógica, flexibilizando tempos e espaços. Na sua visão, pela
sua experiência, a escola, com seu corpo de docentes, se valendo da sua
autonomia, o que ela ainda tem por fazer para que a nova abordagem da prática
social entre professores e alunos seja muito bem aproveitado dentro desse
contexto de tempo e espaço?
A escola como um espaço de interação social e aprendizagem deveria
oferecer aos alunos recursos para além dos cadernos, cartilhas e quadro. Ainda
se observa nas escolas um ambiente permeado de proibições, com muros altos e a
família distante. A prática social trabalhada pelo docente deve ser bem próxima
a realidade vivenciada pelos alunos. É importante que juntamente ao currículo,
a ser cumprido, os professores desenvolvam atividades práticas, que façam
sentido para os alunos. Que os espaços escolares sejam atrativos e
estimulantes. Que o tempo e o espaço não sejam limitações para um trabalho
criativo. Acredito que a prática pedagógica deve estar apoiada nos princípios de
interdisciplinaridade e transversalidade. (GOMEZ, 2016).
Vimos aí, supracitado, segundo Gomez
(2016), que faltam novos recursos, ou seja, há uma crítica sobre métodos e técnicas
tradicionais e pede uma participação mais atuante, ou próxima, por parte dos
familiares dos alunos. Cita também que o professor tem que trabalhar, incluir
na sua pedagogia assuntos condizentes com a realidade em se que vive. Da mesma
forma, observa que o ambiente tempo e espaço sejam estimulantes e propícios
para a criatividade dos alunos, e, também muito importante, que a prática
pedagógica tem que estar apoiada nos princípios da interdisciplinaridade e
transversalidade.
Em
outra pergunta, que teve o seguinte questionamento: Você pode dar um exemplo,
ou uma situação já vivenciada, em que você conseguiu adaptar uma aula
aproveitando-a da melhor maneira possível, contemplando com o tempo e o espaço,
de tal forma que essa dinâmica tenha sido muito relevante para você e para seus
alunos?
Em 2014, na semana do aniversário de Florianópolis, a escola propôs que
fizéssemos com nossos alunos alguns alimentos típicos da nossa cidade para
oferecermos uma degustação aos pais e visitantes da nossa escola. Nossa turma
escolheu a ostra. Passados alguns dias surgiu a dúvida de alguns alunos sobre
como se desenvolviam as ostras. Realizamos uma aula vivência, onde pudemos
visitar os barracões de cultivo em Santo Antônio de Lisboa. Os alunos puderam
conversar com os pescadores sobre o cultivo das ostras, conheceram os materiais
e as nomenclaturas usadas por eles e descobriram como era feito o controle de
qualidade das ostras. Acompanharam cada etapa da produção até chegar ao
consumidor. Também aprenderam como eram realizadas as vendas, o valor do produto
e o reaproveitamento das cascas.
Retornamos a sala de aula com muitas ideias. Pesquisamos sobre o
reaproveitamento das cascas das ostras, que são utilizadas em artesanatos e
para fabricação de botões, os alunos trouxeram alguns objetos feitos desses materiais
e realizamos uma exposição na feira de ciências que aconteceu 7 meses após a
degustação em março. Ou seja, foi um projeto que durou 7 meses, os alunos
aprenderam sobre a cultura da nossa cidade, sobre reaproveitamento, cultivo e
culinária local. Dentro desse tema proposto pelos próprios alunos pudemos
contemplar várias disciplinas: Ciências Humanas e Naturais, Linguagem e
Matemática.
Foi um momento de grande aprendizado, lembrando que partiu da
curiosidade dos próprios alunos. (GOMEZ, 2016).
Enfim,
GOMEZ (2016), relata uma vivência muito relevante dentro do contexto
educacional. Através de um tema proposto, pelos próprios alunos onde é
possibilitado propor a interdisciplinaridade e a transversalidade no campo pedagógico
Esse
trabalho que é lacônico, diante da vastidão dessa temática sobre tempo e espaço
entre sujeito e instituições, requer muitos estudos por se tratar de um assunto
que será sempre atual e que faz parte dos métodos e técnicas curriculares.
Portanto é um assunto que nunca se esgotará devido sua importância nos meios
educacionais.
A
síntese desse trabalho é mostrar que existe sim grandes desafios, mas o
profissional que tem uma boa base pedagógica passa por cima dos problemas
adversos que surgem no caminho e transpassa os obstáculos através da sua
criatividade, perseverança e comprometimento com a sua profissão. Logo, os desafios,
entre outros, de alocar o melhor tempo e o espaço, em todo contexto escolar, é
uma atividade que exige do professor usar das melhores formas possível os seus
recursos, ainda que escassos ele tem que manusear com certa perícia ferramentas
disponíveis para desempenhar um trabalho que traga perspectiva de uma educação
de muito valor. E que o professor esteja atualizado com as novas abordagens,
saber interpretar as necessidades dos alunos e se aliando a eles nessa nova
proposta educacional que envolve uma simbiótica interação. E por fim, buscar
uma maior aproximação da comunidade para que unidos possam reivindicar
melhorias, de várias naturezas, junto a administração pública que tem o
compromisso de um olhar sempre atendo na área da educação que é um dos principais
motores do progresso de um pais.
Referências
GOMEZ, Alessandra da Costa. O tempo e o espaço dos
sujeitos e instituições escolares. Entrevista escolar, Florianópolis:2016.
Anexo
O tempo e o espaço dos sujeitos e instituições escolares
Entrevista
Entrevistador:
Julio Cesar Machado de SOUZA
UNINTER
Entrevistada: Alessandra da Costa Gomez.
Março de 2016.
Função: Atualmente pedagoga de Colégio
Público Estadual
Essa entrevista tem como proposta
avaliar a vivencia de um pedagogo no
seu âmbito educacional, observando como é administrado a temática do tempo e
espaço entre os sujeitos e instituições escolares. Nessa dinâmica foram feitas
cinco perguntas, sendo três objetivas e
duas perguntas abertas.
Perguntas objetivas
Na sua opinião,
a questão tempo e espaço nas instituições escolares, da rede pública, está
significativamente alinhado com a proposta de transmissão coletiva do
conhecimento, ou seja, está conectada com a abordagem da prática social que
busca a efetiva interação entre o professor e o aluno.
Alessandra:
Nunca
|
Raramente
|
Às
vezes
X
|
Muitas
vezes
|
Sempre
|
Na sua avaliação, há uma preocupação, ou uma busca
contínua, entre os profissionais da área educacional, para que esse tema, tempo
e espaço no ambiente escolar se concretize numa dinâmica eficiente?
Alessandra:
Ainda
não
X
|
Definitivamente
não
|
Sim.
|
Provavelmente,
sim
|
Definitivamente, sim
|
Você acha que esse assunto, tempo e espaço, é
relevante no contexto da educação atual?
Alessandra:
Sem
importância
|
Pouco
importante
|
Importante
|
Muito
importante
|
Extremamente importante
X
|
Perguntas
abertas
A atual
legislação disponibiliza diversas modalidades de organização pedagógica,
flexibilizando tempos e espaços.
Na sua visão, pela sua experiência, a escola, com
seu corpo de docentes, se valendo da sua autonomia, o que ela ainda tem por
fazer para que a nova abordagem da prática social entre professores e alunos
seja muito bem aproveitado dentro desse contexto de tempo e espaço?
Alessandra – A escola como um espaço de interação social e aprendizagem deveria
oferecer aos alunos recursos para além dos cadernos, cartilhas e quadro. Ainda
se observa nas escolas um ambiente permeado de proibições, com muros altos e a
família distante. A pratica social trabalhada pelo docente deve ser bem próxima
a realidade vivenciada pelos alunos. É importante que juntamente ao currículo a
ser cumprido, os professores desenvolvam atividades práticas, que façam sentido
para os alunos. Que os espaços escolares sejam atrativos e estimulantes. Que o
tempo e o espaço não sejam limitações para um trabalho criativo. Acredito que a
pratica pedagógica deve estar apoiada nos princípios de interdisciplinaridade e
transversalidade.
Você
pode dar um exemplo, ou uma situação já vivenciada, em que você conseguiu
adaptar uma aula aproveitando-a da melhor maneira possível contemplando com o
tempo e o espaço de tal forma que essa dinâmica tenha sido muito relevante para
você e para seus alunos?
Alessandra –
Em 2014, na semana do aniversário de Florianópolis, a escola propôs que
fizéssemos com nossos alunos alguns alimentos típicos da nossa cidade para
oferecermos uma degustação aos pais e visitantes da nossa escola. Nossa turma
escolheu a ostra. Passados alguns dias surgiu a dúvida de alguns alunos sobre
como se desenvolviam as ostras. Realizamos uma aula vivência, onde pudemos
visitar os barracões de cultivo em Santo Antônio de Lisboa. Os alunos puderam
conversar com os pescadores sobre o cultivo das ostras, conheceram os materiais
e as nomenclaturas usadas por eles e descobriram como era feito o controle de
qualidade das ostras. Acompanharam cada etapa da produção até chegar ao
consumidor. Também aprenderam como eram realizadas as vendas, o valor do
produto e o reaproveitamento das cascas.
Retornamos a sala de aula com muitas ideias. Pesquisamos sobre o
reaproveitamento das cascas das ostras, que são utilizadas em artesanatos e
para fabricação de botões, os alunos trouxeram alguns objetos feitos desses
materiais e realizamos uma exposição na feira de ciências que aconteceu 7 meses
após a degustação em março. Ou seja, foi um projeto que durou 7 meses, os
alunos aprenderam sobre a cultura da nossa cidade, sobre reaproveitamento, cultivo
e culinária local. Dentro desse tema proposto pelos próprios alunos pudemos
contemplar várias disciplinas: Ciências Humanas e Naturais, Linguagem e
Matemática.
Foi um momento de grande aprendizado, lembrando que partiu da
curiosidade dos próprios alunos.
Nessa
entrevista foi possível analisar que há ainda uma trajetória relevante para que
o tema tempo e espaço seja implantado com mais efetividade. Mas também foi
possível verificar que é possível ter bons resultados quando se tem um olhar especial
para a prática interacional entre professor e o aluno. E sobretudo, quando o
professor deixa o aluno conduzir pesquisas através das suas curiosidades e
conhecimentos informais.
Por fim, ficou muito bem evidenciado e destacado a
importância da interdisciplinaridade e transversalidade que a professora
Alessandra nos sugeriu no seu projeto pedagógico que nos foi presenteado
através da sua generosa entrevista.